terça-feira, 29 de março de 2016

Convocação para corpo de baile - Marujada de Cabôco

Até o próximo dia 03 de abril, estão abertas as inscrições para fazer parte do Corpo de Baile do Projeto Marujada de Cabôco. Por meio dessa ação, serão promovidas práticas formativas de percussão, bailado e falação poética como preparação para apresentações públicas dessa brincadeira referendada nos folguedos e saberes populares do norte do Espírito Santo. 

A inscrição é gratuita, sem restrição de idade, e pode ser feita através do Formulário no link: http://bit.ly/1Rwwj1J



Serão seis encontros, realizados nos próximos dias 4, 8, 11, 15, 18 e 25 de abril, na Escadaria do Rosário, no Centro de Vitória. Interessados em colaborarem com a produção e registro das ações da Marujada de Cabôco também podem participar.

Nos dias 08 e 15 de abril os particantes da formação irão integrar as performances abertas ao público na Escadaria do Rosário.

- Sobre o Tambor Dialético
Durante as oficinas preparatórias, também denominadas de Tambor Dialético, os participantes serão convidados a pensarem como os saberes negro e indígena estão presentes na cultura popular e como essas matrizes culturais também são fontes das grandes religiões, ciências, filosofias e artes. Em uma viagem do mundo antigo até a contemporaneidade, a proposta poética de Eduardo Ojú apresenta o cabôco barroco e universal - personagem duplo que surge da diáspora africana e do holocausto indígena - para propor uma imagem afrocêntrica do ser humano no lugar da representação eurocêntrica.

O Tambor Dialético também irá expor o universo mítico da cultura popular do norte capixaba tendo como principais referências as manifestações do Ticumbi, do Reis de Bois e do Jongo, bem como as festas populares de Conceição da Barra, São Mateus e Linhares. Durante os encontros, os participantes conhecerão os pontos e histórias que compõem a brincadeira Marujada de Cabôco, aprenderão os ritmos de seus músicas, serão os responsáveis pela execução de instrumentos de percussão (tambor, atabaque, berimbau, pandeiro, agogô e xequerê) e comporão as coreografias do cortejo, da roda e do bailado. 




- Sobre o Projeto Marujada de Cabôco
Iniciado em 2011 e de autoria do jornalista e poeta Eduardo Ojú, o Projeto Marujada de Cabôco é uma experiência literária baseada em pesquisa com grupos de cultura popular dos municípios de São Mateus, Conceição da Barra e Linhares. Esse texto ficcional inspira-se no imaginário do cabôco civilizador, banto botocudo, do litoral norte do Espírito Santo. Em 2015, essa proposta artístico-cultural foi contemplada pelo Edital de Artes Cênicas da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. Além do autor, Charlene Bicalho e Elaine Vieira também atuam no Projeto.

O nome “Marujada” faz referência a um auto popular que reconta a saga dos Mouros e Cristãos durante o período das navegações às Índias, praticado em São Mateus até meados do século passado. Na ficção de Ojú, uma marujada de cabôcos ruma para o mar a fim de submergir nos braços da Calunga, a mulher que é mar e também é morte. Em seguida surge pelas ruas nova brincadeira, dessa vez perpétua e dedicada a São Benedito das Candongas.

Enquanto proposta cênica, o Projeto Marujada de Caboco busca apreender e recriar a interação que as expressões da cultura popular encenam e o modo como borram a fronteira entre espectador e espetáculo e está organizada a partir de músicas, interpretação de textos e do bailado. Trata-se uma brincadeira para ser feita nas ruas, em áreas verdes e espaços abertos da cidade onde os brincantes fazem uso de instrumentos percussivos e performatizam uma narrativa mítica a partir de textos em verso e prosa.

Na Marujada de Cabôco, o universo dos festejos populares faz parte do enrendo e, ao mesmo tempo, dá forma à proposta cênica. Seu universo ritmítico, os instrumentos utilizados e a indumentária têm como fontes o Ticumbi, o Reis de Boi e o Jongo, manifestações detentoras de um caráter devocional a figuras sagradas da Igreja Católica e de um intenso sincretismo com as culturas dos povos africanos e indígenas. A lógica ritualística presente nessas manifestações é compreendida e utilizada enquanto tecnologia de comunicação e uma estética relacional.

- Sobre Eduardo Ojú
Formado em jornalismo, é idealizador do projeto Marujada de Cabôco#tambordialético e da proposta de jornalismo em rede Jornal Barato. Colabora com o grupo Raiz Forte. Ainda na infância, teve seu primeiro contato com a cultura popular através das rodas de capoeira em Pontal do Ipiranga, Linhares, local onde iniciou os primeiros cortejos. Em 2008, conheceu o Jongo por ocasião da fincada do Mastro de São Benedito na cidade de São Mateus. Em 2011, foi contemplado pelo edital Bolsa Cultura Jovem o que lhe possibilitou dedicar-se à pesquisa sobre o Jongo, Reis de Boi e Ticumbi.

Eduardo Ojú traz em seu currículo outras iniciativas artístico-culturais como o coletivo “A Porta do Tapete Voador” e o projeto “Música de Mangueio”. Além de atuar, entre 2009 e 2014, como professor de percussão em oficinas para crianças e jovens do Centro Cultural Araçá. É de sua autoria a trilha sonora do documentário “As últimas responsadeiras”, de Patrik Camporez Mação.

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