Foto: Esteban Bisio
O Laboratório do Intérprete-Criador (Lab.IC) leva a público trechos
práticos de pesquisas de artistas que preparam seus solos de dança
Em atividade desde março deste
ano, o Laboratório do Intérprete-Criador (Lab.IC), núcleo de
pesquisa em dança coordenado pela bailarina Ivna Messina, realizará sua Mostra Final no dia 7 de setembro, das 10h às 14h
(incluindo intervalos e bate-papo), na Má Companhia, Centro de Vitória. Ao
todo, nove artistas com projetos de solo em dança e um grupo levarão seus
trabalhos ao público, apresentando o que desenvolveram durante o período de
funcionamento do núcleo. O evento é gratuito e marca o encerramento do projeto
Lab.IC presencialmente. No mês de outubro, ainda será publicado um dossiê
online, com relatos de experiência de cada participante.
Atravessando as pesquisas
individuais, estão presentes temas como o corpo feminino (e seus feminismos
plurais), o corpo negro e seus levantes, o corpo LGBT+ e suas militâncias,
assim como relações do corpo com o espaço público, a unicidade de um corpo
coletivo e as múltiplas linguagens da dança que perpassam a trajetória de cada
artista.
O Lab.IC foi desenvolvido em
encontros quinzenais, nos quais dez integrantes, previamente selecionados pela
curadora Mariana Pimentel, iam apresentando a evolução e os desdobramentos suas
pesquisas teórico-práticas, compartilhando experiências e desenvolvendo de
maneira colaborativa seus projetos autorais de solos de dança, cada qual com
suas propostas de tema, linguagem e a partir de suas vivências corporais.
“A ideia é criar mais espaços
para a dança e oportunizar pessoas que, às vezes, estavam com um projeto
engavetado ou que nunca tiveram a chance de desenvolver o seu próprio trabalho,
então o Lab.IC é um projeto de criação, mas eu o entendo também como um projeto
de formação – de artista e de plateia”, explica Ivna.
O projeto foi aprovado pelo
edital de Seleção de Projetos Culturais Setoriais de Dança da Secult/ES e tem
como objetivo amplificar e aprimorar o circuito profissional de dança no
Espírito Santo, possibilitando que mais bailarinos assumam papéis de
propositores. A realização é do portal Dança no ES e a produção é da Companhia
do Outro.
SOLO EM ALTA
Espetáculos de artistas que
aparecem sozinhos em cena têm estado cada vez mais presentes nas agendas
culturais, seja na dança, no teatro, ou em diferentes tipos de manifestações de
artes cênicas. Segundo a proponente e coordenadora do Lab.IC, Ivna Messina, é
perceptível que as produções solo cresceram nos últimos anos em âmbito
nacional: “Vejo isso como uma consequência, principalmente, da diminuição das
verbas para criação em dança; muitos grupos se desfizeram e essa é uma maneira
de a gente tentar sobreviver e fazer sobreviverem nossos trabalhos”, aponta.
Além do Lab.IC, Ivna coordena o portal
Dança no ES, que existe há quatro anos e tem o objetivo de não só divulgar a
dança produzida no Espírito Santo, mas também mapear os grupos locais e
difundir produções acadêmicas e textuais sobre dança escritas por pesquisadores
do estado. A partir desse contato, que Ivna ainda considera limitado, é
possível perceber também que há um discreto crescimento no surgimento de novos
grupos e coletivos, além de artistas independentes locais.
“Eu percebo que, nos últimos
cinco anos, esse movimento até cresceu, mas ainda é muito pouco. Tínhamos um
movimento mais forte nas décadas de 80 e 90; e em 2000 houve uma parada, poucas
companhias desse período continuaram atuantes e quase não houve surgimento de
companhias e artistas independentes novos. Mais recentemente, isso volta a se
fortalecer, mas é muito discreto ainda”, explica. O Lab.IC, diante desse
cenário, tem justamente o objetivo de incentivar artistas a serem propositores
dos próprios projetos, ou ainda, criarem sua própria companhia ou coletivo.
O caminho independente é árduo,
mas possível, principalmente se há uma rede de profissionais que se fortalecem
mutuamente – outro objetivo do Lab.IC. Entre os principais desafios de se
colocar à frente do próprio trabalho, está a necessidade de aprender a se
autogerir. “É um desafio bem grande, porque, como propositor, mesmo convidando
um produtor, diretor, coreógrafo, você tem que conseguir manter vivo esse
trabalho, buscar os editais, os festivais, os locais onde se inscrever, arrumar
lugar para ensaiar, fazer a divulgação, publicar nas redes sociais, então,
apesar da equipe, você que tem que ser a coluna vertebral para sustentar e
levar o projeto para frente. Acho que talvez essa seja uma das maiores
dificuldades”, pontua Ivna, que foi proponente dos solos Bom Sujeito (2016) e
Pedra (2018).
Confira a lista dos artistas que se apresentarão na
Mostra Final do Lab.IC:
LEO DARIVA
ENDI MA
LUCÍA REIZNER
VIVIAN CUNHA
RICARDO REIS
ELIANE MIRANDA
JANAINA COELHO
DANIELEN BRANDÃO
KAMILA BODEVAN
ANA BEATRIZ MEMELLI
CLARA MUÑIZ TOMAZINI
ENDI MA
LUCÍA REIZNER
VIVIAN CUNHA
RICARDO REIS
ELIANE MIRANDA
JANAINA COELHO
DANIELEN BRANDÃO
KAMILA BODEVAN
ANA BEATRIZ MEMELLI
CLARA MUÑIZ TOMAZINI
ÉRICA
ORTOLAN
SERVIÇO – DANÇA
Mostra Final do Lab.IC
7 de setembro (sábado), das 10h às 14h (incluindo intervalos
e bate-papo)
Casa da Má Companhia – Rua Professor Baltazar, 152, Centro,
Vitória (próx. à Catedral)
Entrada Gratuita
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